segunda-feira, 16 de agosto de 2010

corpomente

CORPOMENTECORPOMENTECORPOMENTE


Entrada proibida. Área de preservação, permanência restrita. Coração, órgãos vitais ou imprescindíveis figurantes deste íntimo anfiteatro, tablado, coxia, palco e platéia, proibido trespasse ou quaisquer tipos de intromissão.
Aqui se tramam dramas e comédias, se ensaiam performances ab/surdas, celeiro de grandes peças que se desenrolarão por décadas e enquanto se viver, talvez ousando permanecer para a poster idade.
Muitos serão os ensaios, poucas apresentações. Haverá um esforço insano para que tudo pareça bem. Beleza, força, retidão. Nos quartos, bastidores e camarins, muitas fantasias e máscaras a compor os baús de adereços e complementos, ganchos e cabides em profusão. E como se trabalhará para as apresentações das imagens! Entre almofadas e facas coexistem espelhos e quimeras.
A cada abertura de portas e cortinas, assistiremos nosoutros, aos atos e entreatos de magia e sedução. Luz e drama, poesia e arte. Muito riremos e choraremos enquanto atores/espectadores e arquivaremos lembranças indeléveis de tão especiais momentos...com ciência. Tempos e marcas.
A entrada fora de temporada é proibida, pois não poderemos jamais ser invadidos. Jamais se saberá dos particulares universos aninhados por detrás das máscaras e cores. E dos doídos esforços para bem se encenar, sempre esse sopro apaixonado alucinado para dirigir e cuidar. Das subreptícias manobras para se garantir um solo ou para a eternização de um gesto, nada escrito nas manchetes; elas não falam das batalhas e dos choros borrando a maquillage. Das tessituras ou tramas ninguém saberá, pois os paços e abóbadas dos mistérios de cada um cobrem estórias e histórias de universos únicos. O meu, o teu, nostodos na germinação e medração de raízes que vem da terra escura, húmus, silêncios e ardis na busca de luz e sol, almas escapando pelos buracos de nossos medos e purpurinas. Entrada expressamente proibida.
Mistério e charadas, alma minha. Sagradas catedrais se abobadando sobre incógnitas, vidas nossas. Os peitos antevendo explosões e as vozes grandiloqüentes dos destinos retumbando em ecos ecos ecos.


As cortinas vão se abrir para mais uma representação de anseios e buscas, atores abrindo os corações com faca fina, orquestra ajustando instrumentos e o farfalhar de panos e pés buscando acomodação. Eu aprisiono meus olhos na garganta enquanto espero e sondo e anseio... atora ou espectante?
.txto de InesNeves, todos os direitos reservados

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