segunda-feira, 28 de junho de 2010

TEMPOS©

TEMPO DE
Viver insônias e costurar remendos, agulha/linha/soro e sal e ungir atenta o sangue e o só.
Desvelar silenciosos ninhos de pássaros em vigília, torpor de vôos nem ensaiados, morno sopro surpreendido em ventanias.
Pupilas de areia ardendo em presságios e na sala, embrutecido som a arrombar a porta. Que sonho esse? Que lua essa? Fragor de águas densas lavando tudo, deslocando tudo. Batismo ou morte?
Tempo de aprender, de arrumar o amor e de entender Cecília. Perceber na própria sombra a continência ou o gesto. Juntar pedaços, remontar mosaicos, superar.
De esvaziar de nossos dias essa ansiada premência e as justificativas das angústias que nos asfixiam devagarzinho, na maior compaixão.
Tempo de fecundação ou gestação? Em tremores sob os meus pés, a terra cede. Tempo também de perder.
                                                                                                                                    Texto de InêsNeves





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